Projetando localmente, canibalizando globalmente

Eu e Gonzatto publicamos um artigo sobre Design Livre na XRDS: Crossroads, revista dos estudantes de Computação da ACM. Fizemos um apanhado histórico da trajetória recente do Design Livre no Brasil e traçamos as seguintes sugestões:

  • Design não é a aparência de algo ou um estágio (inicial ou final) de um processo de desenvolvimento. Design é uma atividade que cria coisas no mundo, coisas que conectam pessoas com diferentes níveis de habilidades. Se for conduzida por um coletivo, a atividade projetual encerra um grande potencial para a inovação social.
  • Negociação é uma parte inerente da atividade projetual. Estimular conversas com implicações de design em espaços públicos é uma maneira poderosa de produzir o que as pessoas querem para elas mesmas.
  • Ter múltiplos espaços para diálogo é um requerimento para habilitar a diversidade entre os participantes. Nem todo mundo se sente confortável se há apenas uma maneira de participar.
  • A motivação para fazer coisas novas não desaparece quando as coisas já estão prontas para usar. Os projetos de Design Livre não começam ou terminam com coisas. A coisa é só um meio para atingir o objetivo de transformar a vida.

Design Livre: designing locally, cannibalizing globally

Design livre is a conversation among Brazilian people interested in recognizing the design made by everybody with the intention of scaling up scattered design efforts. Design livre approaches the matter from a cultural standpoint, positioning design as key activity for resisting the globalization of culture in Brazil. The globalized as much as the localized design knowledge are cannibalized, digested, catalyzed, and brought to action. This conversation recovers topics raised by the century-old Brazilian modernism, which contended radical appropriation of foreign ideas, inspired by the Brazilian native people who ate the first colonizers.

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Nova diagramação do livro Design Livre

Graças à existência do projeto gráfico aberto, o livro Design Livre pôde ser remixado por Stéphanie Kokotte, aluna do curso de Tecnologia em Design Gráfico da UTFPR.

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O projeto ficou muito mais atrativo com as cores e tipografia mais adequadas, porém, faltou liberar o código-fonte. No ISSU não dá nem pra fazer download do PDF ou descobrir em que software a diagramação foi feita. Que pena… seria um material bacana para aprender a fazer projetos gráficos.

Pixelapse

Pixelapse é uma plataforma para colaboração em projeto gráfico e tridimensional. A novidade é o controle de versão otimizado para marcar e comentar diferenças visuais entre objetos. A plataforma é focada no mercado corporativo de design, porém, existe também uma área para projetos abertos. Não fica claro porque as pessoas deveriam compartilhar seus arquivos, mas a possibilidade está lá.

Documentário sobre a história dos Fab Labs

Este ano a rede de laboratórios de fabricação digital iniciada pelo MIT completou 10 anos. O documentário mostra como e por que os laboratórios se espalharam. Além de entrevista com pioneiros, o documentário inclui entrevistas com pensadores como Bruce Sterling e Peter Troxler. Uma excelente introdução a esse novo espaço propício ao desenvolvimento do design livre.

https://www.youtube.com/watch?v=MyMl_Qedd7c

Estruturas abertas e design paramétrico

O projeto Open Structures é uma iniciativa holandesa para definir uma série de componentes para criação de estruturas arquitetônicas ou de produtos. Os componentes são projetados para funcionar da maneira mais genérica possível, permitindo os mais diferentes usos. Um exemplo de estrutura criada pelos visitantes da exposição Designing Scarcity do Nieuwe Institute

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Todos os componentes devem obedecer a regra do grid de padronização, para garantir sua compatibilidade com outros componentes. Assim, cada contribuição ao sistema enriquece todas as outras.

Um exemplo interessante de produto criado com estruturas abertas é o aquecedor de água de Jesse Howard.

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O projeto inclui também um planejamento de custos para produção em massa, demonstrando a viabilidade do produto.

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Junto com colegas, Jesse está começando um novo projeto intitulado hackeando os objetos de casa. A proposta é desenvolver produtos baseado no princípio de design paramétrico, ou seja, projetar componentes genéricos que podem ser customizados de acordo com parâmetros pré-definidos. Esses parâmetros podem ser combinados de diferentes maneiras, gerando variações de um mesmo produto. A ideia é que o próprio usuário tenha a capacidade de fazer essas mudanças.

Redes de produção descentralizada colocam o design em evidência

Open Desk é uma rede para conectar designers a makers capazes de produzir criações sob demanda. O designer publica seu projeto, um usuário compra e o maker mais próximo produz e entrega. Achei bem interessante o modelo de negócios. Só ficou faltando apoiar o designer a empreender e cocriar com o usuário, tal como é possível na Corais.

No Brasil, quem faz um trabalho parecido com esse é a Designoteca, que está de cara nova.

designoteca