Texto sobre Design Libre na frança (2011)

O Frederick encontrou este texto, “VERS UN DESIGN LIBRE”, de 2011 por Christophe André, que utiliza “Design Livre” para falar de várias propostas, e com algumas coisas próximas do que propomos em Design Livre e do que é discutido em Open Design.

Trechos com tradução feita com Google Tradutor (eu não sei nada de francês):

Produção autônoma, produção heterônoma: um equilíbrio a ser atingido.

Nessa perspectiva, imagine uma empresa que não se baseia apenas em objetos de consumo, mas na auto-produção. Várias comunidades coexistem e, em cada uma, os membros poderiam fazer os seus próprios objetos em oficinas de grupo à sua disposição. Cada comunidade pode ter uma produção específica que poderia negociar como essas trocas sem comprometer a autonomia da comunidade.

No entanto, nem todos têm as habilidades para auto-produzir tudo e esta prática não impede a especialização relativa e algum comércio hardware desde que esses objetos são produzidos sob uma licença livre, deixando a possibilidade para outros usuários do fabricação. Um novo paradigma é a construção, onde o designer iria financiar essa pesquisa antes e receberia um salário a partir da transmissão de know-how na formação  mais do que vendendo itens.

Convite: Alguém sabe algo de francês para traduzirmos o texto? Seria interessante conhecê-lo melhor! 🙂

Entrevista na Revista Cliche

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A Revista Cliche publicou uma entrevista comigo por ocasião do Dia do Design, com o tema Design Livre. Destaco a questão sobre a aplicação prática, enfim, pra que serve, qual é a vantagem, o que que eu ganho com esse tal de Design Livre:

Uma das questões desta metodologia de abrir o design, quando você vai tentar levar o design livre para um lado mais prático, sempre gera o porquê de aplicar o design livre. Quais as vantagens para a comunidade de design se houvesse essa metodologia de ser aberto, abrir processo e ir atrás de mais escopos participativos?

A principal vantagem é a relevância social. O design, hoje, está sofrendo um crise terrível, por ser um dos principais agentes da poluição, consumo de recursos naturais desnecessária. E também a frivolidade dos projetos que participamos como designer profissional. O que somos requisitados, o que a sociedade vê valor no nosso trabalho é para fazer coisas fúteis. O design entra como valor agregado, não é um valor. As pessoas que trabalham com design gostam de acreditar que são mais que isso. E o que entregamos é muito menos do que prometemos. Vejo muitos designers frustrados com isto, no começo da sua carreira você não sabe muito bem o quanto isto vai te apegar. De repente você se vê perguntando para que, cadê a mudança no mundo que eu acreditava, que o design me fez crer quando estava na faculdade lendo um texto bacana? O design livre tem muito foco na prática, não é só um discurso bonito, temos vários projetos que tentam realmente mudar o mundo com essa proposta de relevância social no design.

Leia a entrevista completa no site da Cliche ou baixe o podcast (recomendado).

Design, Inovação e Software Livre: apresentação no #FISL14

Na próxima sexta feira, dia  05/07, às 17 horas na sala P11, apresento os resultados do meu trabalho de conclusão de curso em Design de Interação sobre Design, Inovação e Software Livre durante a 14ª edição do Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS).

A conversa será sobre design livre (claro), e também sobre propriedade intelectual, história da computação, open design e design livre, inovação aberta, histórico das invenções, colaboração em rede, revolução científica e industrial.

A apresentação será inédita, já que na outra oportunidade que falei sobre o trabalho – em Recife no C.E.S.A.R., durante o Encontro de Conhecimentos Livres – tinha acabado de terminar o curso. Esta versão conta com mais reflexões e referências sobre design e design de interação, além de mais conteúdo sobre a contracultura do desenho industrial e cibernética.

Espero quem estiver em Porto Alegre para conversar, pois claro, também haverá tempo para debate! (Confiram os slides da apresentação aqui.)

Quem pode ser um designer livre?

Antes de falar sobre design é importante esclarecer de qual design está se falando. Podemos entender o design como um processo (planejar, desenvolver, projetar), como o resultado desse processo (instruções, desenho, modelos, protótipos) ou como a solução (produto, serviço ou benefícios gerados por eles para as pessoas). O design livre abrange dois deles, o processo aberto para participações e os resultados do processo livres para consulta. A solução estar disponível ou não para usufruto e por qual preço depende dos participantes de cada projeto.

Mas o design livre só faz sentido se considerarmos um quarto entendimento. O design como “a capacidade humana de dar forma ao ambiente em que vivemos de maneira nunca antes vista na natureza, para atender às nossas necessidades e dar sentido à vida” – Heskett. Esta capacidade está na essência da existência da espécie humana, pois é uma da características que diferencia o ser humano dos outros seres vivos – junto com a linguagem – e tem sua manifestação identificada desde o tempo das sociedades humanas mais primitivas.

Desde os tempos antigos o ser humano projetou e construiu coisas para seu uso: ferramentas, armas e roupas. Quando as pessoas deixaram de ser nômades para serem agricultores e criadores de animais e estabeleceram-se em comunidades maiores e mais permanentes, alguns indivíduos demonstraram ser mais talentosos em projetar e fazer coisas específicas – seja pela herança genética, seja pelo desenvolvimento social e educacional. Esta especialização permitiu o avanço das habilidades para projeto e manufatura de casas, utensílios, móveis, roupas, jóias e outros produtos.

À medida que a sociedade ficava mais complexa, as atividades de construção das coisas separava-se das atividades de projetá-las e planejá-las. Estas novas atividades mereciam uma ponderação entre a concepção da ação a ser tomada e a forma de conduzi-la, bem como uma avaliação dos resultados da mesma. Neste momento, o design passou a se sobressair como atividade profissional e as especialidades de design que conhecemos hoje como diferentes profissões (por exemplo, engenheiro, arquiteto, alfaiate, designer gráfico, designer de produto etc.) gradualmente começaram a surgir.

Contudo, nas atividades mais simples e cotidianas, as pessoas continuam utilizando esta capacidade de agir de forma ativa e intencional, interferindo e transformando o seu entorno. Por exemplo, quando elas planejam as ações do dia, escolhem uma roupa, arrumam seus quartos, preparam a comida, resolvem problemas corriqueiros, entre outras. O design como capacidade também está presente em atividades um pouco mais complexas, como o empresário que organiza a empresa em um formato diferente, ou o analista de sistemas que cria um processo para reduzir o desvio de malas nos aeroportos, ou, ainda, o geneticista que desenvolve um novo tipo de maçã mais resistente às intempéries.

É esta capacidade que qualifica todas as pessoas, profissionais do design ou não, a serem potenciais participantes dos designs livres.

 
BAYNES, K. How children choose: children’s encounters with design. Loughborough: DD&T / Loughborough University, 1996.BONSIEPE, G. Design do material ao digital. Florianópolis: FIESC/IEL, 1997.

CROSS, N. Desenhante: Pensador do Desenho. Santa Maria: sCHDs, 2004.

FONTOURA, A. M. EdaDe: a educação de crianças e jovens através do design. 2002. 337 f. Tese (Doutorado em Engenahria) – Departamento de Engenahria de Produção e Sistema, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2002.

HESKETT, J. Design. São Paulo: Ática, 2008.

MAGALHÃES, Claudio Freitas de. Design estratégico: integração e ação de design industrial dentro das empresas. Rio de Janeiro: CNI/SENAI/CETIQT, 1997.

POTTER, N. What is a designer: things – places – messages. Londres: Hyphen Press, 2002.

Superando as limitações do Design Thinking

Design Thinking é um termo usado inicialmente na academia para definir o modo particular como designers projetam, resolvem problemas e criam soluções. Recentemente, o termo foi ressignificado por escritórios de Design de renome com o objetivo de comercializar este modo de pensar como um serviço, não um produto.

Índice de publicações contendo o termo design thinking na Internet. Via Google Trends.
Índice de publicações contendo o termo design thinking na Internet. Via Google Trends.

Os escritórios sofriam com a alta competividade, enquanto os clientes precisavam economizar contratação de terceiros devido à crise. Design Thinking acabou virando sinônimo de levar o modo de pensar do Design para quem não é designer, com o objetivo de maximizar a inovação dentro das organizações — ao contrário de terceirizar com os escritórios de Design. Os escritórios viraram consultorias e o marketing esvaziou o termo Design Thinking de significado. Um dos grandes defensores do Design Thinking, numa pura jogada de marketing, chegou a afirmar que o Design Thinking é uma falha.

Se o Design Livre compartilha essa intenção de potencializar o design feito por designers sem formação específica, será que não corre o risco de terminar da mesma maneira? 

Sim, é possível, mas vejo 3 limitações que fizeram o Design Thinking morrer na praia. Enfatizo-as porque acredito que, sem elas, o Desing Livre tenha mais fôlego.

1) O Design Thinking é elitista

Ele surgiu na academia, a elite intelectual da sociedade. Ele celebra o designer como ser criativo e define o usuário como um fornecedor de informações e receptor de produtos. O Design Thinking não reconhece que exista pensamento criativo na outra ponta do projeto.  Se existisse, seria chamado “Use Thinking” e consistiria de escolhas de opções de uso.

A figura abaixo, um clássico para explicar o que é Design Thinking, deixa clara a diferença entre classes: o Design Thinking explora várias possibilidades de produção, enquanto que o usuário se contenta com as opções de uso. A estrutura em árvore representa uma evolução, enquanto a estrutura em grama representa apenas uma escolha dentre opções pré-definidas pelo objeto.

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Defensores do Design Thinking contemporâneos defendem a co-criação com usuários, design participativo, etnografia e outras formas de incorporar a criatividade do usuário no projeto, porém, o Design Thinking continua sendo um fenômeno que acontece dentro da organização, não fora. A disseminação do Design Thinking se dá por consultorias que mesmo pequenas empresas não conseguem pagar, que dirá do usuário.

Como todo produto voltado para a elite, o Design Thinking vai sair de moda mais cedo ou mais tarde.

2) O Design Thinking é fechado

Mesmo que se reconheça que o usuário também pode fazer Design Thinking (ou talvez nesse caso seja melhor chamar de Design Doing), e transformar o produto com gambiarras e customizações, as ideias deixadas para traz ficam inacessíveis. Os dois processos de design se conectam apenas pela existência de um objeto que nada diz sobre de onde veio, como veio e porque veio. Em suma, o código-fonte não está disponível.

20130221-100807.jpg Embora o projeto possa continuar e o martelo virar uma máquina, os processos subsequentes não poderão se beneficiar de todo o Design Thinking que veio antes. Ideias rejeitadas poderiam ter adquirido valor em contextos não considerados. Isso pode acontecer até mesmo dentro de uma única empresa, como no caso do desenvolvimento de produtos em segredo por uma equipe de inovação treinada em Design Thinking que acaba sendo, no final, cancelado e a empresa não ganha nem com o aprendizado.

3) O Design Thinking é centralizado

Se é elitista e fechado, é claro que é também, centralizado. O problema dos sistemas centralizados é sua fragilidade. Se a empresa não consegue colocar o produto no mercado, todo o Design Thinking pra trás é inútil. Se o desenvolvimento continua centralizado na empresa original, atualizações e novas versões vão demorar pra acontecer, isso se houverem. Dificilmente o produto será transformado em outra coisa, pois isso desafia a autoridade do centro. Para que o centro continue centro, ele deve concentrar algo que a periferia deseje, no caso do Design Thinking, o conhecimento, este que se vende nas consultorias.

E o que pode ser o Design Livre?

Se começarmos a partir do Design Popular (ou Vernacular) e potencializarmos ele com o Design Thinking, mantendo o processo aberto e descentralizado, então podemos dar uma sobrevida, tanto ao Design Livre quanto ao Design Thinking. Para manter o processo aberto, é importante que ele seja realizado em público e que o código-fonte e outras formas de documentação estejam disponível. O processo se ramifica a cada ideia e, virtualmente, não termina nunca.

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Estas ideias estão sendo testadas na Plataforma Corais. Lá você tem uma Árvore do Conhecimento com todos os principais Métodos de Design cultivados no Design Thinking, porém, não é necessário passar pela árvore para começar a desenvolver projetos. Os projetos são públicos e qualquer um pode aprender com os códigos-fontes e discussões. A gambiarra é celebrada como inovação e novas funcionalidades são desenvolvidas para oficializá-las. E o mais importante: não é preciso pagar um centavo para uma consultoria.

Ao invés de negar o Design Thinking, o Design Livre incorpora-o e utiliza para outros fins. Que outros fins você imagina?

Design Livre: processo aberto, desenvolvimento liberto

O nome poderia ser “Design liberto”, “aberto”, libertário”, ou alguma outra nomenclatura a ser definida. Design livre, aqui, é a mãe que ensina o filho a cozinhar, ao invés de fazer a comida que a filho gosta (Centrado no Usuário) ou chamar o filho para cozinhar junto (Design Participativo).

É um passo para uma maior aproximação da cultura do design com o hack e a gambiarra, onde quem não gosta de algo pode alterar, arrumar, melhorar, transformar ou personalizar.

No Design Centrado no Usuário, um grupo de designers volta seu olhar para os usuários. No Design Participativo, o designer se junta aos usuários para projetar. No Design livre, proponho que a proposta é de que “designers” transformem “usuários” em designers, problematizando, inclusive, estas categorizações.

A partir daí, aqueles primeiros designers apenas colaboraram, assessoram e sugerem ideias para o projeto que estes usuários, agora são designers, vão desenvolver.

Esta proposta surge na discussão em torno dos pontos fracos encontrados em metodologias como a do Design Centrado no Usuário. Ao perceber que ele gira em torno de uma espécie de “Design centrado em Outros“, resultando em insuficiências (que tentam, por exemplo, ser resolvidas com pesquisas sobre usuários), porque não pensar em algo mais próximo do “Design centrado em Mim”, aproveitando os pontos positivos que este oferece?

Porém, tão difícil quando conceber o “Outro”, também há enormes dificuldades na concepção do “Mim”. Então, juntando os dois, podemos explorar as possibilidade de fazer um “Design pensando em Nós”, ao invés do “Design centrado Neles”.

Imagine o Design Livre como uma abordagem de Design Social. Ou, então, como um serviço. Talvez este seja apenas um modo de resumir os mais evidentes problemas de algumas abordagem do design à um problema de ensino e educação. O que interessa, nesta proposta, é começar a pensar em novas propostas de design, que ajudem a criar uma sociedade mais crítica e dê poder para as pessoas.

[Via Gonzatto: Design Livre: processo aberto, desenvolvimento liberto (este texto foi publicado pela primeira vez no blog de Rodrigo Gonzatto no site do Instituto Faber-Ludens, em julho de 2009)]

Design Livre e Colaborativo orientado a Inovação

Slides da palestra apresentada no InterCon 2010 por Rodrigo Gonzatto.

Foi a primeira apresentação do Design Livre em um grande evento, abrindo a discussão para uma nova abordagem de Design conectada com colaboração e inovação social. Os slides foram criados juntamente com Frederick van Amstel. Para explicar a proposta do Design Livre, foi utilizada a metáfora de uma caixa preta para brincar com a ideia de que os processos de design não são transparentes para os não-designers e que, mesmo o código-fonte de softwares ainda não torna acessível o contato entre usuários e o funcionamento dos programas. O Design Livre, assim, seria um maneira de tornar o processo de design mais livre, por meio de sua abertura à colaboração.

Vídeo da palestra:

Via Gonzatto: Design Livre e Colaborativo orientado a Inovação

Slides da palestra: Por um Design Livre

Palestra apresentada dia 20 de maio de 2011 na seção de palestras de 15 minutos estilo TED da Cirs2 durante a CICI 2011 (Conferência Internacional de Cidades Inovadoras).

Brincando com a ideia de que Design Livre não é só “matar a cobra” (design como resolução de problemas) mas “mostrar o pau” (processo aberto de design) , esta é uma palestra de sensibilização para as temáticas do Design Livre. Os slides contém argumentos das primeiras palestras sobre o Design Livre,  oferecidas pelo Frederick van Amstel e Rodrigo Gonzatto e apresenta o case dos UX Cards.

Vídeo da palestra:

Via Gonzatto: Por um Design Livre