Comecei a construir um simulador em Processing para testar a cognição corporificada que defendo no meu livro Design sem Designer. Sem representações ou ginástica mental e apenas implementando affordances no sistema, esse robô está acoplado estruturalmente ao ambiente e seu comportamento de perceber-vaguear-desviar-lembrar-esquecer chega a ser surpreendente. É melhor do que tudo que já fiz utilizando computações simbólicas com Lego Mindstorms, por exemplo.
No histórico desse acoplamento, o robô aprende a desviar dos obstáculos oscilando entre a irresponsabilidade e a cautela por meio de uma única função que articula tempo de vida, o nível de stress do organismo e o próprio histórico das interações no ambiente. Não há imagens mentais do ambiente, não há memória explícita (o robô não lembra nem sabe onde estão os obstáculos que não vê, mas aprende sobre a “natureza” deles em relação ao seu próprio corpo e suas ações efetivas) nem é possível descrever o estado do organismo sem considerar o meio. Em pouquíssimo tempo o sistema atinge o equilíbrio e o robô simplesmente não colide mais. O comportamento do bicho é efetivamente “emergente”.
Meu objetivo é começar a oferecer métodos alternativos de pesquisa com usuários em interação humano-computador para quem não aguenta mais esse design mentalista.